O que defendem Lula e Bolsonaro e o que está em jogo neste domingo

Redação do Diário

O que defendem Lula e Bolsonaro e o que está em jogo neste domingo

Neste domingo, os eleitores retornam às urnas para escolher o presidente do país e o chefe do Palácio Piratini. Também haverá escolha de governadores em mais 11 Estados, entre eles o maior do país: São Paulo. No Rio Grande do Sul, três municípios – Cachoeirinha, Cerro Grande e Entre Rios do Sul – também escolherão prefeito e vice em eleição suplementar.

No Brasil, há mais de 156,4 milhões de eleitores aptos a votar. No Rio Grande do Sul, são 8,582 milhões e, em Santa Maria, são 208.727, número recorde.

Para presidente, a escolha ocorrerá entre dois líderes populares que representam os extremos: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de esquerda, e o presidente Jair Bolsonaro (PL), de direita. Já a peleia gaúcha é protagonizada pelo deputado federal Onyx Lorenzoni (PL), de direita, e o ex-governador Eduardo Leite (PSDB), de centro.

O segundo turno ocorre em clima de muita tensão e agressividade, como consequência da polarização nacional entre Lula e Bolsonaro. É a campanha mais complexa da história recente da democracia brasileira. A radicalidade das redes sociais saiu do ambiente virtual com violência. Agressões físicas e até mortes por motivação política foram registradas e são investigadas.

Um dos últimos episódios do cenário bélico envolveu o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que recebeu a tiros e granadas agentes da Polícia Federal que foram a sua residência para cumprir decisão judicial de levá-lo para a cadeia.

A disseminação desenfreada sem precedentes das fake news colocou mais combustível em uma disputa já explosiva. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tentou tomar medidas para não contaminar a eleição e mandou tanto a campanha de Lula quanto a de Bolsonaro retirar algumas publicações das redes sociais. Devido às notícias falsas, o TSE baixou uma resolução para removê-las sem necessidade de uma decisão colegiada, o que foi interpretado por muitos como censura prévia.

O presidente e candidato Bolsonaro insistiu em levantar suspeitas de fraude das urnas, apesar das auditorias realizadas no primeiro turno e de não ter apresentado provas. A suposta veiculação de inserções a menos do presidente em emissoras de rádio das regiões Norte e Nordeste foi denunciada pela campanha de Bolsonaro, que pediu investigação do TSE, entretanto foi negada pelo presidente do tribunal, Alexandre de Moraes, que tem travado alguns embates com o atual chefe do país. Inconformado, Bolsonaro disse que irá até as “últimas consequências” dentro da Constituição.

Ao longo da campanha do segundo turno, agressividade e troca de acusações marcaram o horário eleitoral gratuito e os debates tanto dos presidenciáveis quanto dos governadores. Foi uma batalha de direitos de respostas até o último dia da propaganda, na sexta-feira. Em meio a esse clima, faltaram propostas para governar o Estado e o país, ou, pelo menos, com mais profundidade, que era o que realmente interessava aos eleitores.

Diante do clima posto, há uma projeção que o número de abstenções possa aumentar, já que os candidatos não contribuíram muito para estimular os eleitores a irem às unas, embora a relevância de escolher os futuros governantes. Em Santa Maria, no primeiro turno, 42,4 mil eleitores (20,59%) não compareceram às seções.

Lula tentará terceiro mandato no Planalto

Voto de Lula

A batalha pelo Palácio do Planalto transcende os partidos pelo tamanho de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da esquerda, e do presidente Jair Bolsonaro (PL), de direita. Lula fez uma chapa pouco provável com a escolha de Alckimin (PSB), com quem já disputou à Presidência. E pela primeira vez, desde a redemocratização do país, o segundo turno é disputado pelo atual presidente e um ex-presidente. Vencedor do primeiro turno com 57.259.504 dos votos válidos (48,43%), Lula tentará seu terceiro mandato depois de ter governado o país, de 2003 a 2010. Em 2018, ele apresentou a candidatura, mas estava inelegível, não pôde concorrer e foi substituído pelo ex-ministro Fernando Haddad (PT). À época, o ex-presidente estava preso em Curitiba, condenado por corrupção, entretanto, todos os processos  foram anulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) , e Lula ficou apto à eleição.

Na campanha eleitoral, o petista apostou nas realizações do seu governo e apelou muito para o bolso do eleitor, relembrando benefícios sociais para os mais pobres como o Bolsa Família, além da situação econômica do país. Também destacou as políticas públicas para o acesso às universidades públicas. A propaganda explorou, ainda, pontos fracos do adversário, criticando as ações do atual governo, especialmente, na pandemia e o modelo de administrar o país.Na reta final da campanha, o horário eleitoral priorizou ataques a Bolsonaro e menos propostas, motivando direitos de resposta ao adversário.

No segundo turno, Lula angariou alguns apoios de concorrentes do primeiro turno, como o PDT, de Ciro Gomes, e a senadora Simone Tebet (MDB). A emedebista foi para o palanque neste segundo turno. Já Ciro não se envolveu na campanha. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)  declarou apoio ao petista e participou da propaganda.  A maioria que se juntou à campanha petista sustentou a defesa da democracia. Um dos desafios de Lula será quebrar a tradição, já que, desde a instituição da reeleição, todos os presidentes se reelegeram, inclusive ele.    

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Foto: Divulgação

Natural de Garanhuns (PE), Luiz Inácio Lula da Silva tem 77 anos e é filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Em 2002, tornou-se o 35º presidente do Brasil e foi reeleito em 2006. É formado em Tornearia Mecânica pelo Senai Conde José Vicente de Azevedo e foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos. É de esquerdaColigação – Brasil da Esperança (PT/ PC do B/PV / SOLIDARIEDADE / PSOL/ REDE / PSB / AGIR / AVANTE / PROS)Vice – Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho (PSB), 70 anos, de Pindamonhangaba (SP). É médico anestesista. Foi vereador e prefeito em Pindamonhangaba, além de governador de São Paulo por 4 mandatos pelo PSDB

Principais propostas

Retomar os programas Mais Médicos e Farmácia Popular  Atender pessoas com sequelas da Covid-19Retomar o reconhecido programa nacional de vacinaçãoRetomar a política de valorização do salário mínimo para recuperar o poder de compra dos trabalhadoresReconstruir a seguridade e a Previdência SocialRetomar  a urgência ao enfrentamento da fome e da pobrezaRenovar e ampliar o Programa Bolsa FamíliaEstabelecer  um programa de recuperação educacional junto da educação regular, para superar o déficit de aprendizagem.Assegurar políticas de cotas sociais e raciais na educação superior e nos concursos públicos federaisImplementar políticas públicas interfederativas e intersetoriais pautadas pela valorização da vida e da integridade física, pela articulação entre prevenção e uso qualificado da ação policial, pela transparência e pela participação socialPriorizar a prevenção, a investigação de crimes e  violências contra mulheres, juventude negra e população LGBTQIA+  Implementar e aprimorar o Sistema Único de Segurança PúblicaAdotar nova política sobre drogas, focada na redução de riscosDesenvolver políticas públicas de prevenção à violência  contra as mulheresGarantir o direito à água e ao saneamento, por meio da atuação das entidades públicas e das empresas estatais na prestação dos serviços de saneamento básicoCombater o crime ambiental promovido por milícias, grileiros, madeireiros e conservar a Amazônia e os outros biomasConstruir políticas que assegurem os direitos dos idosos com uma rede de cuidadosImplantar o Sistema Nacional de Cultura e a adoção da política de descentralização de recursos para Estados e o maior número possível de municípios

Bolsonaro busca o segundo mandato  

Segundo colocado no primeiro turno com 51.072.345 (43,20%), o atual chefe do país, Jair Bolsonaro, tentará sua reeleição pelo Partido Liberal (PL), sigla que ganhou mais impulso com sua chegada em março deste ano. Em 2018, ele disputou a Presidência pelo Partido Social Liberal (PSL), uma agremiação bem menor comparada ao PL.

Apesar de ter ficado em segundo lugar em 2 de outubro, Bolsonaro mostrou força nas urnas ao eleger uma bancada predominantemente conservadora no Congresso Nacional. Inclusive, o PL fez o maior número de deputados: 99. A exemplo do que ocorreu em 2018, ele tem na chapa um militar, o general Braga Neto (PL), que foi seu ministro e concorre a vice-presidente. Na campanha eleitoral, o atual presidente evocou muito a religião e o lema “Deus, Pátria, família e liberdade”, e a defesa de bandeiras conservadoras, posicionando-se contra o aborto e a legalização das drogas. Para conquistar voto feminino, utilizou como estratégia a imagem da primeira-dama Michelle Bolsonaro, que participou de agendas ao lado do presidente e do horário eleitoral gratuito. A propaganda de Bolsonaro também foi centralizada no Auxílio Emergencial de R$ 600, e em obras retomadas ou concluídas, como a Transposição do Rio São Francisco. Ao mesmo tempo, Bolsonaro mirou nas fragilidades do adversário, principalmente nas denúncias de corrupções na Petrobras no governo Lula.

Por conta do assunto, teve de dar direito resposta ao petista como aconteceu também com outro lado. No segundo turno, angariou apoios de alguns governadores reeleitos, entre eles Romeu Zema (Novo), que se transformou em seu cabo eleitoral em Minas Gerais, e Claudio Castro (PSC), do Rio de Janeiro. Chamou atenção o apoio do senador eleito do Paraná Sergio Moro. Depois de deixar o Ministério da Justiça, atirou contra o governo Bolsonaro. Eles se reconciliaram no primeiro turno, e no segundo, o ex-juiz pediu votos ao presidente.

No domingo, Bolsonaro tem o desafio de manter a tradição e se reeleger, como ocorreu desde que a reeleição foi instituída no país, em 1997.

Jair Messias Bolsonaro (PL)

Foto: Divulgação

Natural de Campinas (SP), Jair Messias Bolsonaro tem 67 anos e é filiado ao Partido Liberal (PL). É formado em Educação Física e Ciências Militares. É capitão reformado do Exército. Foi eleito como 38º presidente do Brasil em 2018, quando estava no Partido Social Liberal (PSL). Disputa a reeleição à Presidência. Em 1988, foi vereador da cidade do Rio de Janeiro pelo Partido Democrata Cristão e deputado federal pelo Rio entre 1991 e 2018. É de direitaColigação – Pelo bem do Brasil (PP /Republicanos/ PL)Vice –  Walter Souza Braga Netto (PL), 66 anos, é natural de Belo Horizonte (MG). É militar da reserva e passou por diversos cargos durante o atual governo, como ministro da Defesa e chefe do Exército

Principais propostas

Avançar e consolidar a melhoria no acesso aos serviços de saúde com qualidadeAcelerar o processo de combate à desigualdade e criar novas ações, incluindo tecnologia e educação, considerando as características regionaisSeguir recuperando e avançando na ampliação do acesso e permanência à educação em todos os seus níveis e modalidadesAmpliar e fortalecer as políticas e programas direcionados às mulheres, crianças e adolescentes, pessoas idosas e pessoas com deficiênciaAssistência social para autonomia das famíliasPromover o acesso à agua potável e ao saneamento básico como um direito social fundamentalPromover os direitos humanos para todosAmpliar e fortalecer a política nacional de CulturaPromover a segurança alimentar e a alimentação saudávelFortalecer e garantir a  segurança no campoFortalecer e garantir a segurança pública e cidadãPromover a intermodalidade do Sistema Nacional de TransporteAmpliar a cobertura e a qualidade do Transporte ferroviárioAmpliar e fortalecer o processo de desestatização e concessões da infraestrutura nacionalFortalecimento do controle e da fiscalização das queimadas ilegais, do desmatamento e dos crimes ambientaisProteção e promoção dos direitos dos povos indígenas e quilombolasFortalecimento do planejamento e monitoramento da gestão pública federalPolítica externa e defesa nacional

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